terça-feira, 30 de março de 2010

Lua Cheia

"Seu olhar avança para meu interior assim como suas mãos conduzem minha cintura para destinos que nunca imagino... Que imensa confusão de sentidos quando ouço seu sorriso! E se eu sinto sua respiração se aproximando logo vai a minha acelerando e falta o ar enquanto você me falta!

E faz falta não tocá-lo enquanto eu falo; tento fechar os olhos para te sentir mais se você não está... O corpo inteiro responde e se rebela e se revela rebelde como nunca antes! Pra ser sincera, já não posso mais responder pelos meus atos, porque enquanto me coloniza e avassala, liberta toda a sorte de sensações a que pode alguém se submeter...

Reconstruo o seu sorriso enquanto o plenilúnio escapa entre as nuvens, numa dinâmica muito semelhante à dos seus lábios enquanto me tortura na ansiedade de vê-los se abrindo tão docemente!

Seus olhos quase inocentes são o veneno mais ligeiro e irremediável da história natural e mesmo sabendo e mesmo sentindo na pele este olhar queimar, não posso evitá-los, hipnotizada, levada pelas brumas desse feitiço a um lugar desconhecido entre instinto e razão..."


Boa, e muito boa noite... Queria uma foto do firmamento hoje; a Lua está desfilando com uma renda de nuvens muito sensual! Arrisquem uma olhada pela janela e torçam para que a renda não tenha se convertido em algodão...

Um grande beijo,
K.

domingo, 28 de março de 2010

Das antigas...

Olá, pessoas!

Estou escrevendo para um novo livro - meu terceiro projeto.

O primeiro, uma pequena coletânea de sonetos entitulada "Ao Amor, Pétalas" está disponível no site do Clube de Autores. O segundo, em fase de finalização, trará poesias antigas selecionadas, e ainda estou decidindo sua forma de publicação. Quanto ao terceiro, será um misto de poesia, prosa e reflexões sobre assuntos diversos, relacionados ao âmbito da Terapia Ocupacional sob a ótica de uma estudante e também sobre a vida em geral.

Na seqüência, vai uma poesia "das antigas", outro pedacinho de mim.

Um grande beijo a todos e todas,
K.

"Pétalas

Olho as minhas rosas
De madeira
Estáticas e de estética
Clássica e esbelta...

São tão apaixonadas
Essas minhas rosas...
Que as aspiro
E respiro o ar de suas pétalas

Essas rosas
São botões que nunca vão se abrir;
Vão apenas assistir
A lacônica ida do seu aroma
- artificial...

Vão evaporar aromas
Mas não lembranças...

Rosa é mais que uma
Segunda personalidade...
Talvez seja mesmo
A Principal
Mas disso quase
Ninguém sabe...

SP, 13/04/2005"

quinta-feira, 25 de março de 2010

Refém

"Como se estivesse presa, me prendem seus olhos com ternura e firmeza... Ando sem bem coordenar as pernas, me movo como um felino sendo caçado por outro felino, sem nunca perder a altivez, mas com o coração aos pulos...

Faço qualquer jogo que me propõe, como se estivesse presa, subordinada às suas vontades, vendo a cada dia se esgotarem minhas estratégias, me deixando exposta!

Fico vulnerável como se estivesse presa, e como se estivesse presa, quase não consigo lutar contra o sorriso que explode em minha boca ao pensar em você...

Como se estivesse presa, ando por aí, vencendo distâncias que na verdade não conseguem te afastar, pois é como se eu andasse sobre pegadas e vestígios de você, refletindo lembranças em pedaços de azulejos desbotados ou nas poças d'água pelo caminho!

Vôo livre na imaginação inconcreta, como se estivesse presa nesses devaneios e desejos que sem me deixar esquecê-los um só momento me permitem livremente voar..."



Apesar de ter deixado o trânsito caótico hoje, a chuva me fez bem... Quase ritualística, acho a tempestade libertadora e energizante!

Boa noite a todos e todas,
K.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Tentativa

Cliquei em "Nova Postagem"... Até tinha sobre o que escrever, mas realmente a falta de serenidade esgota a minha poética...

Realmente, o "boa noite" do post anterior será tudo...

K.

Lua Nova

"Hoje eu queria cinco minutos do mais profundo e intenso silêncio... Queria um pedacinho de mundo em que não houvesse mais nada a não ser uma noite bem escura, com um céu sem ruído de estrelas...

Estar só pode ser realmente muito assustador para alguns, mas para mim é completamente reconfortante... Gostaria de andar pela noite, mas não quero ser assaltada; sabem como é, cidade grande... Daí talvez venha a introspecção; é uma forma de percorrer ruas, na maioria das vezes bastante escuras, porém o único ofensor que posso encontrar sou eu mesma e já estou bastante acostumada com todos os meus delitos...

Existem coisas que são mesmo maiores do que nós então buscar em nós mesmos todos os recursos que temos, canalizar-se em si mesmo é algo até inteligente de se fazer...

O silêncio profundo e ininterrupto é um tanto improvável e utópico, então fico com a música... Deixo cada nota tocar meu corpo como se em mim reverberasse o que cada acorde quer dizer em sua essência... Assim, uma música traz à tona minha fragilidade, outra, a minha fúria; outra ainda me faz voltar a ser criança e afasta de mim a velhice precoce que me acabrunha...

Assim, posso largar o corpo a viajar por tantas ruas, de países e universos diversos, os quais fisicamente jamais poderia conhecer e por um momento até chego a esquecer da lágrima que evapora enquanto desliza pelo meu rosto e de que o final da faixa também é o final da viagem..."



Acho que "boa noite" é tudo por hoje...
Beijos a todos e todas...

P.S.: Este monte de reticências é porque estou mesmo reticente!

quinta-feira, 18 de março de 2010

Cidade

Hoje, passando pelos mesmos lugares, vendo as mesmas luzes noturnas e postes, fitei a igreja da padroeira dos Músicos e esperei que o sino tocasse...

Mas todo o barulho ao redor me incomodava porque eu não tinha seu silêncio; seu sorriso de corpo todo não me fazia companhia!

Como os largos e vielas podem ser diferentes se não estou na minha realidade paralela, neste micro universo no qual não cabe mais ninguém!

terça-feira, 9 de março de 2010

...

"Caçadores ágeis
Seus olhos deixam frágeis
Todas as minhas defesas
Cartas na mesa
Meu corpo contra o muro
Seus olhos no escuro
Ainda me devoram
As horas se demoram
A passar como os anos
Que te esconderam de mim
Sob lenços e panos
Em minha cintura de cetim
Seus lábios venenosos
São os frutos mais saborosos
Dos quais me servi
E fervi
Ao tocar com a ponta dos dedos
Sua pele afastando meus medos
Sua pele me aquecendo
Enquanto seu riso suave
A meus olhos vítreos invade
E vai devagar me enlouquecendo!"


Boa noite, all!

;-)

sexta-feira, 5 de março de 2010

Bailar

"A música não cessa de tocar na minha mente e meus passos marcam o tempo... Olhos cruzados como numa coreografia; a arte imita a vida!

Feito o convite à dança, sutis toques indicam o que fazer... A dama deve soltar o corpo para que ele possa ser conduzido. Floreios, enfeites, sedução de pernas alternadas...

A música não pára, não na minha mente, que não perde o ritmo nem se dissocia do olhar que me guia através da dança. Corpos que se aproximam e que sem suportar a saudade se tocam novamente. Magnetismo? Energia? Entre apogeus e perigeus, como uma abelha cortejando a flor, move-se um corpo cheio de alma, cheio de ritmo!

As mãos firmes, unidas, separam-se um pouco, mas a ponta dos dedos ainda se tocam formando uma simbiose entre dois corpos tão sintonizados quanto um harpejo..."



Boa noite!

Ah, a música! Nada como senti-la mesmo sem ouvi-la!

Um grande beijo,
K.

terça-feira, 2 de março de 2010

Fogo

"De repente, a distância não era mais suficiente e o silêncio rompia o próprio silêncio...

Os sorrisos, como convites, iam de irreverentes a arrogantes; provocadores, talvez intimidadores... Mas intimidar o que sorri de volta é impossível!

Vozes moduladas com tantos e tantos propósitos, a propósito se enroscavam como teias invisíveis e sem matéria, ressoando diálogos não direcionados, porém inseparáveis...

Aos poucos veio a necessidade do toque, de outras linguagens, livros, lábios, línguas, letras e o silêncio pairava de modo insuportável aos olhos que piscavam devagar, divagando...

Quantas reticências, exclamações e interrogações que não se bastavam e se voltavam umas às outras, confusas e misturadas, verbos sem sujeito e sem conjugação.

Tudo então virou pretexto para outro sorriso e outro olhar, e assim as flores pelo caminho se apossaram de um sentido tão intenso, destoando do trânsito e do asfalto, do mundo e do tempo, do certo e do errado...

Só flores, delicadas jasmim-mangas errantes e erradas, novos signos! Símbolos do deleite, da chuva entre as folhas que revelam flores e novos sorrisos!

As quaresmeiras espiam enquanto seu roxo se abranda ao deixar-se levar pelo vento que passa cortante...

A terra magnética e o mato testemunham o que a chuva revelou, e nem um cobertor de flores poderia esconder... O limite do toque é não ter limite, assim como a chuva penetra o solo numa profundidade que não vemos..."


São Paulo, 02/03/2010


É, eu realmente não resisti... Estava mesmo sentindo falta de escrever; quem sabe aproveito esta súbita maré para concluir meu livro...

Um grande beijo!
K.

Mulher

"O dia engole a madrugada e nessa antropofagia me faço mais forte e mais velha e mais mulher!

Assim, entre panos e perfumes, cores e sombras, reforço os traços do meu rosto para que o mundo não me faça desapercebida. Nada como um belo salto alto que faça barulho ao caminhar para convencer a cidade de que eu também me movo.

Cruzo olhares enquanto cruzo as pernas ou faço o sinal da cruz sempre ao passar a frente da mesma igreja. Mais que pedir proteção, tento me lembrar que Deus existe e está em mim.

A marcha tão firme quanto o aperto de mão às vezes mostram uma segurança que não tenho, assim como o sorriso largo camufla a resistência...

Danço conforme a música, mas eu escolho a trilha sonora!

Assim, a noite vem e logo vejo as estrelas apontando em minha direção enquanto a lua sinaliza o vendedor de rosas..."

São Paulo, 02/03/2010


Saudades, caros e caras... Mas como estou MUITO inspirada ultimamente, devo voltar ainda esta semana... Ou ainda hoje!

Um beijo a cada um!
K.