quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Delicadeza

Apesar do título bem amplo e vago, a delicadeza a que me refiro é a das nossas vidas... Talvez melhor título seria "fragilidade", mas prefiro qualificar como delicada a vida que embora suave não é fraca; é simultaneamente vulnerável e demasiadamente complexa - biológica, psíquica ou ainda espiritualmente - para ser taxada FRÁGIL.

Frágil é talvez o campo das emoções enquanto uma porta escancarada entre o nosso ser e o mundo, algo que ultrapassa a barreira da pele, boicotando-a.

Complexa e rígida é a nossa organização biológica, porém com toda a sua mirabolante engenharia, apenas uma única célula rebelde pode comprometê-la por inteiro.

O que dizer então? Que somos uma máquina pensante e autônoma ou que somos complexos a ponto de a partir de apenas uma célula constituirmos tecidos com funções diversas ou ainda que somos simplórios também, a ponto de sucumbir através da ação de uma bactéria, que "jamais morrerá" e se dividirá inconscientemente no limbo de uma existência puramente simples e unicelular?

A eternidade faz muito sentido para mim e a creio como promessa verdadeira, mas que vantagem temos sobre uma bactéria que a seu próprio modo, também possui a eternidade, mesmo sem possuir a cognição ou a emoção, ou ainda a experiência extasiante da fé?

Creio que minha pergunta em si já é a resposta... Com todo seu poder de bipartição, a bactéria e todos os outros seres vivos - ou mortos - não humanos jamais poderão apossar-se da sensação deliciosa de entender o mundo a seu redor, de usar os sentidos para ver, ouvir, cheirar, degustar; sentir enfim, como um ser humano...

Com toda a delicadeza da nossa existência, temos incríveis possibilidades de existir no mundo, mesmo com algumas deficiências e debilidades, mesmo lidando com angústias que provêm das nossas próprias capacidades e da nossa diferenciação.

E mesmo sabendo que somos simples e instáveis a ponto de sermos traídos por nossas próprias células, penso que minha vida não teria mais sentido do que tem hoje se eu fosse outro ser vivo - ou morto - qualquer...

A delícia de SER humano, mesmo com as nossas decepções com nossos iguais, para mim é poder olhar para dentro e sentir a vida correndo - dias mais cansada, dias mais veloz - em minhas artérias e imprimindo em cada célula que nasce e morre a minha história!

Um forte abraço,
K.

3 comentários:

  1. Então quer dizer q vc veio para o blog então...
    Vai virar escritora profissional é? Com direito a livro e tudo ja?
    ^^

    eu tenho um blog tbm a um bom tempo ja

    www.vintelados.blogspot.com

    Bjos!

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