terça-feira, 29 de março de 2011

Viva a VIDA!



Estou triste pela morte de José Alencar e infinitamente feliz por sua vida, seu exemplo...

Creio que os que já perderam um ente amado por esta doença entendem a contradição desse momento: a tristeza pela morte depois de tanta luta, como se "a doença tivesse atingido seu intuito", e o sofrimento, em vão e ao mesmo tempo, o "alívio" que vem com o merecido descanso depois de tanto sofrimento, pois sabemos o quanto fere ver e às vezes quase sentir o sofrimento, a dor total, daqueles que amamos...

O que sei, é que o consolo demora a chegar, se é que um dia de fato ele vem... De qualquer modo, resta ter fé e esperar que um dia a saudade deixe de ser triste, e que a VIDA, e não a MORTE, seja celebrada, afinal de contas, somos o coração pulsante, o espírito, o que anima o verbo e não o silêncio, a inércia e o não-ser!

Que Deus cuide do coração de cada um dos que sofrem por isto!

segunda-feira, 14 de março de 2011

14 de Março

Não posso passar o Dia Nacional da Poesia com todas as minhas linhas em branco... No twitter, já referenciei e reverenciei meu poeta querido, Pablo Neruda, com seus versos "Mas tu e eu, amor meu, estamos juntos,/ juntos desde a roupa às raízes,/ juntos de outono, de água, de quadris,/ até ser só tu, só eu juntos.", e agora deixo meus pobres versos, mas que ainda assim são meus, para (você), leitora ou leitor que por essas paragens se atrever...

"Mesmo com toda a incerteza
Que minha vida inteira é
Com toda rispidez, com toda ligeireza
Com que o tempo passa, com que se esvai a fé
Mesmo com a pele calejada
Pelo sol e pelas pedras atiradas
Mesmo com a inocência perdida
Com a desconfiança de insegura
E com o silêncio das frases desditas
Com o olhar que tudo apura
Mesmo com a selvageria de quem já sofreu
Com a incapacidade de chorar de cabeça erguida
Nem o medo, a angústia do breu
Proibem minha alegria de ser exibida
Se é o seu olhar que o meu guarda
Se é o seu toque que o meu infarta
Se for na sua boca que a minha arda
O tempo e as marés nada podem
As lunações e o estio se movem
Sem contudo me tocar
Sem quase nada me dizer, nem me abalar
Desde que sua eu seja, silenciosamente
Enquanto o seu peito esconda
Como a quietuda, as ondas
Os gritos roucos que te entrego prazerosamente..."