segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Encontro

"Seu olhar vem chegando manso
Ar parado, brisa em descanso
E meu peito arfa em descompasso
Quando te encontro, nem sei o que faço!

Seu olhar a minha pele atravessa
Transpassa, todo urgência e pressa
Meu corpo como flecha de fogo
Faz de mim o alvo em seu jogo...

Solto meu corpo e deixo que o conduza
Seu beijo quente de mim abusa
Eu me derramo sinuosa a essa tortura
Enquanto suas mãos enlaçam minha cintura

Sou sua por completo e você sabe
Os botões abertos, seu beijo invade
Minha língua graceja em sua pele
Até que sua boca a interpele

Que nada pare, exceto o tempo
Que nada mude, exceto o medo
Que os lençóis em desalento
Guardem sempre mais segredos!"

(Karen Gallão)

Primeiros Toques

"E quase sem nenhuma intenção
Nossos olhares se encontravam
Pelos corredores se tocavam
Como mar e pedra, arrebentação!

Nossas falas mudas e eloqüentes
Diziam por vezes o que não poderiam
Mas era um gracejo o que diziam
Através de nossos olhares inocentes...

Quase sem querer então um dia
Com o sol da tarde a arder na parede
Por acaso, destino, sufoco, sede
Sua pele em minha pele ardia!

Tudo em mim era denúncia
Meu olhar valente chamava o seu
“Será que assim pra ele também aconteceu?”
O olhar mudou a pronúncia!

Naquele dia eu soube, seria escrita
Uma história transversal à minha
Inédita, com ressalva e entrelinha
Atravessando-a, infinita!"


(Karen Gallão)