domingo, 29 de novembro de 2009

"Minha Vida Sem Mim"

Olá, vocês!

Bem, assisti a este filme que deu título ao post numa fase não muito adequada - ou talvez a mais adequada - para este tipo de reflexão.

Apesar de ter sido muito torturada com o conteúdo, recomendo o filme a qualquer pessoa que precise pensar sobre a vida, e para os interessados em Cuidados Paliativos e Terminalidade.

Não vou comentar a história, pois isto cabe aos críticos de cinema que já estão por aí... Quero comentar um pouco sobre minhas reflexões...

Somos tão, mas tão estúpidos pensando o quanto somos indispensáveis e insubstituíveis, não é? Somos sim, a meu ver, únicos e exclusivos, porém os papéis que desempenhamos podem ser assumidos por qualquer um que se disponha a isto, a qualquer momento.

Por que será então que nos agarramos tão arduamente às nossas SUPOSTAS atribuições? Por que fazemos nossos papéis serem mais importantes do que nossa subjetividade? Por que preferimos ser O Estudante, O Vendedor, O Professor, O Responsável por X, O Filho ou O Pai ou A Irmã, ao invés de sermos apenas Karen, Joãozinho e Mariazinha?

Meu palpite é que preferimos ocupar um lugar que já é reconhecido e pelo qual se tem valor em ocupar do que lutar para conquistarmos o valor em sermos simplesmente nós mesmos...

Fato é que quando não existimos mais, continuam existindo os estudantes, vendedores, professores, responsáveis e irresponsáveis, filhos, pais e irmãos... O que acaba é a Karen, o Joãozinho e a Mariazinha... E acaba mesmo, sem dó nem dúvida...

O que vale mais? Ser o que se é e fazer a existência valer a pena ou ser o que todo mundo pode ser e ser só mais um que vive numa massa?

Acho que já fiz a minha escolha!

Um bom começo de semana a vocês!

Grande abraço,
K.

Raiou o Sol!

Olá a todas e todos!

Lamento o silêncio que tem ocupado este espaço. Deve-se a minha usual incapacidade de escrever com freqüência aceitável num blog, agravada por um período de grande turbulência em minha vida pessoal, conhecido pela maioria de vocês.

Curioso, antes, a tristeza costumava me fazer escrever páginas e mais páginas... Acontece que de uns tempos para cá, minha tristeza vira silêncio, mas um silêncio tão quieto que quase me lembra o vazio, se não fosse a dor que o acompanha.

Não quero ficar aqui lotando linhas com dor, mas o silêncio deste blog estava me incomodando também, como se até neste espaço, a tristeza tivesse desembarcado trazendo a dor junto com ela para cá também.

Será que isto é um refúgio? Será que romper com o silêncio aqui diminui a dor? Não sei... Mas queria mesmo escrever alguma coisa, como se pudesse gritar aqui do jeito que não posso, por ética e razão, fora da esfera virtual.

Dia 17... Minha simpatia pelo número e pela data está cada vez mais inexistente. Perdi meus dois vovôs neste dia, com apenas dois anos e dois meses de diferença entre as duas separações.

Meu entendimento sobre o desenlace, entretanto, foi diferente desta vez. É claro que senti - e estou sentindo - muito por isso, mas agora vejo o quanto sinto mais por mim - pelos meus remorsos, pela minha saudade, pela minha vida sem saber que a vida dele ainda existe - do que realmente por ele, que afinal de contas, merecia descansar da aflição que havia se tornado viver incapacitado nos últimos meses, cada dia mais.

Não quero que este post vire uma lápide, mas acho justa uma homenagem ao homem que se pintou de palhaço e andou com saltimbancos, que era boêmio assumido e devoto, advogado formado já na maturidade, um espírita espiritual, um bom homem, simples assim!

Acho que a liberdade tinha tudo a ver com ele, sendo assim, como poderia viver sem poder andar, sem poder comer sozinho, sem poder ser o que sempre foi e sempre gostou de ser, agradando ou desagradando às pessoas?

Podia ter sido tudo diferente, mas fazemos nossas escolhas, não é? Espero que ele tenha sido muito feliz nas escolhas que fez, embora algumas me parecem inaceitáveis, mas tento respeitá-lo pois também agora só existem o silêncio e as lembranças.

Eu até entendo a vida, mas anda difícil aceitá-la como é... Pelo menos, tentei parar de me enganar um pouco, como se eu não sentisse tudo isso que está acontecendo em volta de mim...

O curioso é que nisso tudo, vez ou outra aparece algo de bom, como uma lâmina de luz atravessando o quarto mais escuro...

Até a próxima que, espero, não tarde!

Abraços a vocês,
K.